quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Hamas promete agir para impedir eleições na Faixa de Gaza

Notícia publicada no site da BBC Brasil

O Hamas vai combater a organização de eleições palestinas na Faixa de Gaza, marcadas para 24 de janeiro pelo presidente Mahmoud Abbas, segundo declarou nesta quarta-feira o porta-voz do Ministério do Interior controlado pelo grupo islâmico, Ehab Al-Ghsain.

"Qualquer preparação, comitê ou lista de eleitores será considerada uma ação ilegal e será combatida", afirmou Al-Ghsain. "Qualquer um envolvido nas eleições responderá por isso."
O porta-voz declarou ainda que o ministério "rejeita a realização de eleições na Faixa de Gaza porque elas foram anunciadas por alguém que não tem o direito de fazer isso e porque não há um consenso nacional sobre o pleito".

Apesar de meses de negociações mediadas pelo Egito, o Hamas não chegou a um acordo com o Fatah, a outra grande facção palestina, a qual pertence Abbas, sobre a realização de eleições nos territórios palestinos.

Leia a matéria completa no site.

sábado, 17 de outubro de 2009

O Relatório Goldstone

O Relatório Goldstone

Carlos Henrique R. de Siqueira*

Desde a divulgação do Relatório da Comissão de Direitos Humanos da ONU sobre os ataques à Gaza ocorridos entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009, o Estado de Israel encontra-se na defensiva. Pela primeira vez em muitos anos, uma figura de primeira grandeza no âmbito do direito internacional conduziu e redigiu um documento das Nações Unidas afirmando categoricamente, e sem eufemismos, que Israel cometeu crimes de guerra e “possíveis crimes contra a humanidade” durante os 22 dias de suas ações militares na região.

A dificuldade de Israel em desqualificar o relatório de Richard Goldstone decorre não apenas de sua ficha irretocável como juiz do Tribunal Penal Internacional das Nações Unidas, quando atuou em casos como os dos genocídios da Iugoslávia e Rwanda. Mas, acima de tudo, porque Goldstone provém de uma família judia sul-africana e declarou publicamente, mais de uma vez, apoiar o Estado de Israel[1]. Segundo a jornalista Amy Goodman, apresentadora do programa Democracy Now[2], a filha de Goldstone, que fala hebraico, ao ser entrevistada por uma rádio israelense nos últimos dias, declarou que seu pai é sionista e ama o Estado de Israel. Dessa forma, a acusação de anti-semitismo e de perseguição, trunfos que as autoridades israelenses usualmente se utilizavam para desqualificar toda e qualquer acusação de crimes de guerra e de violação aos direitos humanos, não puderam ser usados desta vez.

As 575 páginas do relatório apresentam sólidas evidências de que Israel atingiu inocentes de forma proposital, que visou danificar a já precária infra-estrutura de Gaza, que atacou mesquitas, hospitais e ambulâncias, violando as leis internacionais mais básicas, e que bombardeou, também propositalmente, instalações das Nações Unidas da região, como escolas e abrigos.

Ao mesmo tempo, o relatório condenou também o Hamas. Essa, aliás, tinha sido uma das exigências de Goldstone para aceitar o caso: que tivesse carta branca para investigar os dois lados do conflito. A organização palestina foi igualmente acusada de cometer crimes de guerra por lançar ataques à Israel, com o intuito de causar mortes de civis, indiscriminadamente.

Em uma recente entrevista, o historiador Norman Finkelstein[3], uma das maiores autoridades sobre o tema, afirmou que o Relatório Goldstone não traz informações substancialmente novas. Na verdade, existem ao menos sete grandes relatórios que o precedeu, e que contém informações similares: dois relatórios preparados pela Anistia Internacional, e cinco pela Human Rights Watch. Contudo, as credenciais de Goldstone colocam seu relatório em um outro patamar de disputa, acredita.

Segundo Finkelstein, no entanto, há um ponto equivocado no Relatório Goldstone: o tempo todo ele utiliza o marco jurídico e o vocabulário da guerra para tratar dos fatos da última ofensiva contra Gaza. Para o historiador, no entanto, o que aconteceu ali foi simplesmente um massacre. Guerra, diz ele, pressupõe o embate entre duas forças. Em Gaza não houve batalhas, e sim um ataque destruidor e unilateral. Enquanto os mísseis domésticos do Hamas atingiram algumas dezenas de casas em Israel, Gaza foi completamente destruída, segundo o autor, que esteve na Faixa de Gaza em julho passado.

O autor chama a atenção para esse ponto porque, segundo sua visão, os crimes de que são acusados Hamas e o Estado de Israel não são simétricos. Os ataques da organização palestina infligiram um pequeno temor nas áreas ao alcance de seu primitivo armamento. Enquanto o ataque de Israel deixou terra arrasada, e quase 1500 palestinos mortos, contra 15 israelenses.

Contudo, Finkelstein acredita que o massacre de Gaza pode ter sido o início de um revés para as autoridades israelenses. A flagrante ilegitimidade dos ataques parecem ter desencadeado a retirada do apoio que “liberais” de várias partes do mundo (inclusive da juventude judaica liberal norte-americana) davam a Israel. O Relatório Goldstone, uma conseqüência desse processo na opinião do historiador, pode agora incrementar o ritmo da mudança de posição de parte importante dos apoiadores que Israel sempre teve no passado.

Ainda assim, na votação da Resolução da Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, baseada no Relatório Goldstone, ocorrida ontem (16 de outubro de 2009), Estados Unidos, Itália, Holanda, Hungria, Eslováquia e Ucrânia rejeitaram o relatório, mostrando que não houve mudança visível na política externa norte-americana em relação a Israel na administração de Barack Hussein Obama. O representante do Departamento de Estado alegou que a Resolução foi desbalanceada, indo muito além do que sugere o Relatório. E mesmo Goldstone se queixou de que a Resolução não faz menção ao Hamas.Contudo, com o apoio de outros 47 países, incluindo o Brasil, o Relatório foi aprovado.[4]

O representante de Israel protestou contra o resultado. Ele afirmou que durante o conflito a IDF (Israel Defense Forces) tomou medidas sem precedentes para proteger civis e inocentes. E concluiu afirmando que o documento é unilateral e visa prejudicar o direito que Israel tem de defender seus cidadãos, dentro dos limites das leis internacionais (!?).[5]

As recomendações do relatório são claras: Israel e a Autoridade Palestina devem iniciar investigações sobre os indícios de crimes apontados pelo relatório, e encaminhá-los ao Conselho de Segurança da ONU, no prazo de seis meses. Caso contrário, cidadãos, e mesmo autoridades de Israel e da Palestina podem estar sujeitos a abertura de processos de responsabilidade no Tribunal Penal Internacional. E embora se possa prever que o poder de veto dos EUA jamais deixaria a situação chegar a esse ponto, é um avanço que a comunidade internacional tenham exposto as ações criminosas de Israel, e ameaçado suas autoridades de serem processadas.


* Mestre em História e Doutor em Ciências Sociais pela UnB. (Blog: http://afterthelastsky.wordpress.com/)

[1] http://www.haaretz.com/hasen/spages/1116379.html.

[2] http://www.democracynow.org/2009/9/16/un_inquiry_finds_israel_punished_and.

[3] http://www.democracynow.org/2009/9/16/un_inquiry_finds_israel_punished_and.

[4] http://www.nationalpost.com/news/story.html?id=2113471

[5] http://www.haaretz.com/hasen/spages/1121614.html

Protesto contra Olmert, dia 15, na Universidade de Chicago

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Um dos pontos mais significativos do Relatório Goldstone foi a conclusão que a comissão de investigação chegou, após examinar várias evidências, de que Israel atacou deliberadamente instalações da ONU, onde palestinos estavam alojados.
A foto acima, retirada do site http://thegazamassacre.com/ mostra um ataque com bombas de fósforo branco (uma substância proibida como armamento) em uma escola da ONU em Bayt Lahiya, na faixa de Gaza.

Conselho dos Direitos Humanos aprova relatório sobre crimes cometidos em Gaza

Conselho dos Direitos Humanos aprova relatório sobre crimes cometidos em Gaza

Posted using ShareThis

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Uma morte e seis feridos em ataque aéreo a Gaza

Como resultado da dificuldade de circulação de recursos básicos como água e comida, controladas por Israel de forma ilegal, os palestinos de Gaza utilizam-se túneis para abastecerem-se. Hoje, Israel bombardeou um desses túneis mantado uma pessoa e ferindo outras seis.



segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Reportagem da CBS sobre os assentamentos judaicos

Desde a última ofensiva de Israel sobre a Gaza, quando quase 1500 pessoas morreram, foi possível perceber que a atitude da mídia norte-america de centro direita, as tradicionais redes de TV, incluindo novas redes como a CNN, mudou levemente. Em muitos programas foi possível ver questionamentos duros dirigidos a autoridades israelenses e, em muitos casos, imagens completamente desfavoráveis a Israel.
A reportagem abaixo, feita pela CBS, e por um dos repórteres mais conservadores do programa “60 Minutes” (que já foi um programa bastante progressista para os padrões da grande mídia norte-americana) mostra um pouco dessa mudança de atitude.



Watch CBS News Videos Online

sábado, 10 de outubro de 2009

2009 Factbook

No link abaixo você poderá encontrar o 2009 Factbook sobre o conflito Israel-Palestina.
Trata-se de um guia de referência com dados atualizados sobre a situação humanitária na Palestina.

Palestine Monitor

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Al Jazeera: o sucesso de Watan a Watar, programa de sátiras políticas na Palestina

Carteira de Identidade - Mahmud Darwich


Carteira de Identidade



Mahmud Darwich


Registra-me
sou árabe
o número de minha identidade é cinqüenta mil
tenho oito filhos
e o nono… virá logo depois do verão
vais te irritar por acaso?

registra-me
sou árabe
trabalho com meus companheiros de luta
em uma pedreira
tenho oito filhos
arranco das pedras
o pão, as roupas, os cadernos
e não venho mendigar em sua porta
e não me dobro
diante das lajes de teu umbral
vais te irritar por acaso?

registra-me
sou árabe
meu nome é muito comum
e sou paciente
em um país que ferve de cólera
minhas raízes…
fixadas antes do nascimento dos tempos
antes da eclosão dos séculos
antes dos ciprestes e oliveiras
antes do crescimento vegetal
meu pai… da família do arado
e não dos senhores do Nujub¹
meu avô era camponês
sem árvore genealógica
minha casa
uma cabana de guarda
de canas e ramagens
satisfeito com minha condição
meu nome é muito comum
registra-me
sou árabe
sou árabe
cabelos… negros
olhos… castanhos
sinais particulares
um kuffiah² e uma faixa na cabeça
as palmas ásperas como rochas
arranharam as mãos que estreitam
e amo acima de tudo
o azeite de oliva e o tomilho
meu endereço
sou de um povoado perdido… esquecido
de ruas sem nome
e todos os seus homens… no campo e na pedreira
amam o comunismo
vais te irritar por acaso?

registra-me
sou árabe
tu me despojaste dos vinhedos de meus antepassados
e da terra que cultivava
com meus filhos
e não nos deixaste
nem a nossos descendentes
mais que estes seixos
que nosso governo tomará também
como se diz

vamos!
Escreve
bem no alto da primeira página
que eu não odeio os homens
que eu não agrido ninguém
mas… se me esfomeiam
como a carne de quem me despoja
e cuidado… cuida-te
de minha fome
e minha fúria

1-Célebre tribo da Arábia
2-Elemento de adorno dos palestinos


Este poema foi extraído do livro "Poesia Palestina de Combate", publicado em 1981, pela editora Achiamé, no Rio de Janeiro. A tradução dos originais árabes para o português são de Jaime Cardoso e José Carlos Gondim.

domingo, 4 de outubro de 2009

Sofremos de um mal incurável: a esperança


(Em março de 2002, uma delegação do Parlamento Internacional dos Escritores fez uma viagem pelos territórios palestinos. O grupo era composto por Bei Dao (China), Breyten Breytenbach (África do Sul), Christian Salmon (França), Vincenzo Consolo (Itália), Wole Soyinka (Nigéria), Juan Goytisolo (Espanha), Russel Banks (EUA) e José Saramago (Portugal). Em sua recepção aos colegas, o poeta palestino Mahmoud Darwish pronunciou o discurso abaixo)

Mahmoud Darwish

Ramallah, 25 de março de 2002

É para mim um grande prazer e uma honra recebê-los nesta terra em sua primavera sangrenta, esta terra que tem saudade de seu antigo nome: terra de amor e de paz.

A visita corajosa de vocês durante este cerco monstruoso é uma forma de vencê-lo. A presença de vocês aqui interrompe nosso sentimento de isolamento. Com essa presença, percebemos que a consciência internacional, da qual vocês são honrados representantes, está viva, é capaz de protestar e de tomar partido da justiça. Vocês nos deram a certeza de que os escritores ainda têm um papel importante na luta pela liberdade e no combate ao racismo.

A responsabilidade pelo destino humano não pode limitar sua expressão ao texto literário. Em situações de urgência e calamidade humana, o escritor parte à procura de um papel moral em outras formas de ação pública, um papel que reforça sua integridade literária, que mobiliza a consciência pública para valores morais elevados, dos quais o mais importante é a liberdade. É dessa forma que entendemos a mensagem que vocês nos enviam hoje: uma mensagem de solidariedade e simpatia.

Sei que mestres das palavras não carecem de retórica diante da eloqüência do sangue. Por isso, nossas palavras serão tão simples quanto nosso direito: nascemos nesta terra e desta terra. Não conhecemos outra mãe, não conhecemos outra língua materna senão a sua. E, quando compreendemos que ela porta em si histórias demais e profetas em demasia, compreendemos que o pluralismo é um espaço que abraça de maneira ampla, e não uma cela de prisão, que ninguém tem o monopólio de uma terra, de Deus, da memória. Sabemos, também, que a história não pode se vangloriar nem de equidade nem de elegância. Nossa tarefa, contudo, como seres humanos, é humanizar esta história da qual somos simultaneamente vitimas e produtos.

Não há nada mais evidente que a verdade palestina e a legitimidade palestina: esta terra é nossa e esta pequena parte é uma parte de nossa terra natal, uma terra natal real e não mítica. Esta ocupação é uma ocupação estrangeira que não escapa à acepção universal da palavra ocupação, sejam quais forem os títulos de direito divino que ela cita; Deus não é uma propriedade pessoal de ninguém.

Aceitamos as soluções políticas fundadas numa partilha da vida nesta terra, no contexto de dois Estados para dois povos. Não exigimos senão nosso direito a uma vida normal, dentro das fronteiras de um Estado palestino, na terra ocupada desde 1967, incluindo Jerusalém Oriental, nosso direito a uma solução justa do problema dos refugiados, ao fim da instalação de colônias. É a única via realista para a paz que encerrará o círculo vicioso deste banho de sangue.

A situação atual é de uma evidência gritante, não se trata de uma luta entre duas existências, como quer o governo israelense: eles ou nós. A questão é acabar com a ocupação. A resistência à ocupação não é somente um direito. É um dever humano e nacional que nos faz passar da escravidão à liberdade. O caminho mais curto para evitar outros desastres e chegar à paz é libertar os palestinos da ocupação e libertar a sociedade israelense da ilusão de um controle exercido sobre outro povo.

A ocupação não se limita a nos privar das condições elementares de liberdade, ela nos priva até mesmo do essencial de uma vida humana digna, declarando a guerra permanente a nossos corpos, nossos sonhos, às pessoas, às casas, às árvores, cometendo crimes de guerra. Ela não nos promete nada melhor a não ser o apartheid e a capacidade da espada de vencer a alma.

Mas nós sofremos de um mal incurável que se chama esperança. Esperança de libertação e de independência. Esperança de uma vida normal, na qual não seremos nem heróis nem vítimas. Esperança de ver nossas crianças irem à escola sem riscos. Para uma mulher grávida, esperança de dar à luz um bebê vivo, num hospital, e não uma criança morta diante de um posto de controle militar. Esperança de que nossos poetas verão a beleza da cor vermelha nas rosas e não no sangue. Esperança de que esta terra reencontrará seu nome original: terra de amor e de paz. Obrigado por carregar conosco o fardo dessa esperança.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009


As paredes da Biblioteca Central d@s Estudantes ostentam imagens propagandeando o genocídio. A bandeira do Estado de Israel está hasteada no centro do prédio que abriga o “saber acadêmico”. Poderíamos interpretar estas fotografias de inúmeras formas. Da maneira como querem os seus expositores ao escolher justo a universidade, colocando no final a propaganda de uma empresa aérea israelense. Ou da maneira que está dita, de forma chocante, na contraposição das imagens de crianças loiras brincando na praia com as imagens de soldados armados, evidenciando a óbvia propaganda militarista que está exposta. Esta exposição está sendo financiada pela Fundação Jacobi (ou Jacobi Foundation) que é o braço beneficente da Jacobi Capital Corporation, uma obscura empresa que capta recursos para empreendimentos imobiliários no Leste Europeu e em Israel. Uma das missões desta empresa é justamente difundir a história de Israel, por meio de exposições. Muitas vezes, ao se falar contra o Estado de Israel, o discurso é entendido como sendo anti-semita. Muito importante, no entanto, que não se faça esta confusão. Trata-se de repúdio a uma política sistemática de Estado de invasão de territórios palestinos e genocídio em massa daquele povo. Atos dessa gravidade e, particularmente, por serem conduzidos por um ator reconhecido de relações internacionais, não podem passar despercebidos. A exposição da BCE fabrica justamente isto: invisibiliza o terror de Estado e dá um tom pacífico e acolhedor da “terra santa”. Tom que é demonstrado na maioria das fotos apesar de seu caráter militarista. Casal de militares se beijando, grupo de pessoas judeu-africanas sendo acolhidas, danças, praias, um Yasser Arafat de cara contente dando um tom de diálogo e avanços na questão palestina, a tristeza de pessoas israelenses sendo despejadas de suas casas, bandeiras e mais bandeiras de Israel. Estas são facetas que fazem parte, não só de Israel como do Oriente Médio de uma maneira mais ampla. Assim, trazer esta exposição é negligenciar que se trata de uma das regiões mais conflituosas do planeta e que o Estado de Israel tem sido mais digno de boicotes que de iniciativas que o propagandeiem. Não esqueçamos que a pressão internacional foi fato de extrema importância para o fim (pelo menos oficialmente) do Apartheid na África do Sul. Nós, estudantes, funcionárias(os) e professoras(es) nos sentimos profundamente agredidas e agredidos por este acordo entre a Universidade de Brasília e a embaixada de Israel. A nossa ofensa é proporcional ao número de mortes provocadas pelo Estado Israelense, que vem sistematicamente comprando a mídia mundial ao seu favor. Nossa universidade, que recentemente passou por um processo de democratização, não pode ser palco para propagandear o militarizado Estado de Israel e o conseqüente genocídio do povo palestino. Uma paz que seja verdadeiramente justa não se separa da luta pelo direito ao retorno de todos os refugiados às cidades e às aldeias das quais foram expulsos desde 1948. Direito inalienável que se choca com a existência de um estado fundado a partir de critérios religiosos ou “étnicos”. Uma exposição mais honesta e comprometida com a realidade de Israel deve ter espaço para tratar sobre a questão palestina e sem medo de colocar a condição de terror e perseguição por parte daquele Estado. Nesse sentido, além de trazer nosso repúdio ao espaço extremamente parcial e enviesando cedido à esta exposição, viemos também solicitar um espaço de contraponto. Um direito de resposta, por assim dizer, capaz de dar voz a uma outra faceta israelense que não pode ser ignorada. Com esta carta, pautamos o direito de resposta institucional, promovendo uma semana de visibilidade palestina com vídeos, exposição de fotos, festival de culinária e mesa redonda com pessoas estudiosas do assunto e com o grupo de refugiados da palestina que se encontra em Brasília. A programação destes eventos será concluída em breve e encaminhada para a reitoria. Contato: unbpalestina@gmail.com

Esta pode ser a primeira imagem de um país ocupado por um poderoso exército, como poucos no mundo. Um exército, que é composto por crianças de 18 a 21 anos e a cada dia injustamente reprime o povo palestino em seu próprio território.